A capoeira contém em sua essência amplo campo de desenvolvimento bio-psíquico-sócio-cultural.
O desenvolvimento biológico ocorre à medida que o educando da capoeira, conhecendo as fases por que passa sua evolução, tendo noção de seus limites e possibilidades, trabalha seus organismo de forma harmônica e equilibrada.
O aspecto social é privilegiado, na prática da capoeira, uma vez que esta responde às necessidades da criança, do jovem e do adulto, no sentido de solidariedade, de esforço comum de um grupo.
A dimensão psicológica torna-se privilegiada pela possibilidade da busca do equilíbrio emocional, da liberação da espontaneidade e criatividade.
No âmbito cultural, a capoeira permite o resgate do binômio educação e cultura, trazendo em si a mesma importância dos valores culturais em um processo histórico contextualizado.
Partindo desse pressuposto, ressalta-se a importância pedagógica da capoeira que atua, de maneira direta ou indireta, sobre os aspectos cognitivos, afetivos, social e motor.
Para tanto apresenta-se como atividade, segundo as seguintes linhas a serem vivenciadas pelos praticantes dessa arte:
Capoeira Luta: segundo o seu processo histórico, mantém-se como instrumento de combate e defesa pessoal genuinamente brasileira.
Capoeira como Arte e Dança: a musicalidade presente na capoeira, representada pelo equilíbrio entre o canto, o ritmo, os instrumentos e a expressão corporal culminam com a leveza de movimentos e coreografias ensaiadas, possibilitando, como arte, desenvolver flexibilidade, agilidade, destreza, equilíbrio e coordenação.
Capoeira Folclore: como forma de expressão popular, ligada a aspectos da cultura brasileira, deve ser estimulada prática e teoricamente.
Capoeira Esporte: institucionalizada à partir de 1972, deve ser estimulada como processo de cooperação e competição, garantindo-se condições de treinamentos físicos, técnicos e táteis.
Capoeira Educação[1]: como instrumento de educação, a capoeira garante um auto-conhecimento e análise crítica de possibilidades e limites.
Capoeira como Lazer e Filosofia de Vida: como prática não formal, através das rodas espontâneas, a capoeira pode vir a gerar uma filosofia própria de vida onde o sentimento de brasilidade, indispensável ao exercício crítico da cidadania, garante a formação do homem contemporâneo.
Capoeira e Música: o hábito de acompanhar o jogo da capoeira com palmas ritmadas, cantos, chulas, ladainhas, corridos, instrumentos, tais como berimbau, atabaque, pandeiro, agogô etc dá a capoeira um sentido lúdico todo especial, fato que não existe em nenhuma outra arte marcial.
Capoeira e Educação Física: sendo fruto de nossa cultura, a capoeira apresenta-se como atividade física por excelência, desenvolvendo as habilidades físicas do indivíduo, estimulando a coragem, a auto-confiança e a formação do caráter e da própria personalidade.
[1] Quando foi proclamada a Independência do Brasil, iniciou-se um grande movimento para que a nova nação se desligasse de outros laços que ainda a prendiam a antiga Metrópole. O país não precisava apenas de uma nova Constituição, tinha necessidade de nacionalizar sua educação, extirpar o analfabetismo e, assim, poder melhorar as condições culturais de seu povo.
A educação brasileira, todavia, continuou nos moldes europeus, mas em princípios do século XX, mais precisamente em 1907, surge a primeira tentativa de institucionalizar uma ginástica brasileira, quando do aparecimento do opúsculo O Guia da Capoeira ou Ginástica Brasileira, cujo autor encobria-se com as iniciais O. D . C. e que, na verdade, tratava-se de um oficial do exército que, por temer os preconceitos existentes contra a capoeira, preferia não identificar-se.
Fonte: Resumo Histórico da Capoeira, Mestre Traíra (Cícero Pereira da Silva Filho)
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